quarta-feira, 1 de julho de 2009

Os problemas cognitivos envolvidos na construção da representação escrita da linguagem

Essa postagem é acerca de uma reflexão baseada no texto de Emília Ferreiro: Os problemas cognitivos envolvidos na construção da representação escrita da linguagem. O qual é bastante denso,mas que com calma e tentando sempre achar exemplos cotidianos para transpor as ideias e clarifica-las, consegue-se aos poucos desvendá-lo (rs).

No começo do texto, Ferreiro desperta uma questão antiga,mas ainda presente. Professores que têm a mania de colocar logo errado e encerrar o assunto, se a resposta dada pelo aluno não corresponde ao proposto. Mas, não tentam entender a lógica de raciocinio criada e seguida pelo aluno. Pois muitas das vezes, a mesma não foi posta sem uma razão envolvida.
E o processo utilizado para que o aluno chegasse àquela conclusao não deve ser ignorado pois faz parte da construção de seu conhecimento. Como foi descrito no texto, existem crianças que no início de seu desenvolvimento, fazem correspondência entre quantidade de letras e tamanho do objeto. A criança passa por etapas durante essa construção cria suas hipóteses e produz sua escrita, as quais, a priori, são vistas como "erros", mas que é tarefa dos professores compreender a "lógica interna" da resposta. Contudo, se em situações como esta, o professor somente classificar como errado, não perceber a fragilidade que se configura nesta conjuntura e não mostrar o porquê da Incoerencia da resposta, o aluno não vai compreender, só irá reproduzir o certo, sem que haja cognição nesse processo.


A autora também buscou investigar um problema envolvido no desenvolvimento da leitura e escrita: a relação entre todo e as partes que o constituem. A primeira relação estabelecida pelas crianças, a qual rege suas tentativas de leitura, é a hipótese de quantidade mínima.
Uma outra relação é feita baseada na quantidade de objetos a serem representados, mas que essa, ás vezes acaba conflitando com a hipótese de quantidade mínima.
A autora introduziu a noçao piagetiana de tematização para explicar alguns movimentos realizados pelas crianças. E o que seria tematizar?! Bom, no meu entendimento, seria usar algum conhecimento, mas sem saber o seu conceito. Por exemplo: uma criança moradora de rua,que nunca frequentou a escola, mas sabe realizar várias operações matemáticas. Esta criança saber como proceder, mas provavelmente não sabe como classificam-se os cáculos que produz.
Também há a dificuldade em coordenar o todo e partes quando as crianças procuram interpretar a escrita produzida por outra pessoa. Isso é interessante pois gera um conflito na criança, verá a estranheza dessa situação, onde a própria não consegue ler as produções alheias e vice-versa. Assim começará a questionar qual é afinal o sentido da escrita; para que e para quem escrevemos?!
Ela percebe que não está conseguindo ser entendida e muitos menos entender, isso gera conflito, uma perturbação e diante disso tem três alternativas –tal como indica Piaget: "pode-se deixa-la de lado, pode-se compensá-la localmente, ou pode-se assimilá-la (compensá-la inteiramente através de modificações no esquema assimilatório, alcançando assim um novo nível de equilibração)"
Neste processo de contrução da escrita, em alguns casos, os modelos sociais podem servir de reforços negativos ou positivos. Ou reafirmando condutas ou extinguindo-as.
E já no finalzinho de seu texto, Ferreiro aponta que deve-se refletir sobre a divisão dos conteúdos escolares, pois as mesmas estruturas lógicas que intervém no campo das noções matemáticas elemnetares aparecem também na compreensão da língua escrita.
Tendo em vista os pontos sobre a dificuldade das crianças, explanados pela autora, pode-se inferir que todas as tentativas de coordenar o todo e as partes, feita pela criança, requerem um grande esforço cognitivo, pois fazer uma negociação entre as hipóteses estabelecidas pelo aluno e as regras gramaticais, é um trabalho árduo para quem está aprendendo. È importante que o professor reconheça isso ao lidar com as dificuldades das crianças.

1 comentário:

  1. Bom início...Senti falta da continuidade da reflexão, das relações com a prática e de relações com outros materiais...

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